

Por muitos anos, pesquisadores tentaram entender por que Cândido Godói, de apenas 6,6 mil habitantes, registra uma taxa de nascimento de gêmeos tão elevada – a incidência normal é de uma gestação a cada 80. Camarasa diz que o primeiro casal de gêmeos da cidade nasceu em 1963, justamente o ano dos primeiros relatos da passagem de Mengele por aquela região.
O médico fugiu da Alemanha logo após a Segunda Guerra Mundial e passou a viver clandestinamente na América do Sul. Depois de viver em uma colônia alemã no Paraguai, passou a fazer viagens constantes a Cândido Godói, também uma comunidade fundada por descendentes de alemães, perto da fronteira com a Argentina. “Há testemunhas de que ele fez o tratamento de algumas grávidas, acompanhou as gestações e deu a elas novos tipos de drogas”, diz o historiador.
No começo, ele se apresentou na cidade como veterinário e até fez alguns experimentos de inseminação artificial em vacas, mas depois tornou-se uma espécie de médico rural. “Todo mundo se lembra de que ele costumava tirar sangue das pacientes e guardar amostras’, afirma Anencir Flores da Silva, médico e ex-prefeito de Cândido Godói que se dedicou a investigar a passagem de Mengele pela cidade. O agricultor Aloísio Finkler diz que se lembra das visitas do médico. “Ele parecia ser um homem culto e digno”. Mengele morreu no Brasil, em 1979, sem ter sido julgado por seus crimes cometidos durante o nazismo.